segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

Amor sem escalas

Hoje, dia 25, aniversário de São Paulo, aproveitei minha folga (e minha sorte, pois, o restaurante onde trabalho costuma lotar nos feriados) e fui ser uma típica paulista. Saí de casa sem saber se o calor iria continuar ou se levava uma blusa na bolsa pra não passar frio, só tinha certeza de que iria chover ou garoar o dia todo, olhei dentro da bolsa e vi meu guarda-chuva, meu celular e fone de ouvido, deixei a blusa pra lá. Peguei o metrô lotado e chegando na estação Trianon-Masp, a chuva estava bem forte, esperei e vi que do lado de fora estavam as vaquinhas que estão espalhadas pela cidade, tirei umas fotos, cansei de esperar, tomei coragem e saí na chuva pra ir até o Masp. Já acordei pensando em ir ver a exposição De dentro para fora -De fora para dentro, o grafite e a arte de rua são o tema, a proposta é sair do museu e ver a cidade com outros olhos, como se obras de arte estivessem espalhadas por São Paulo e é exatamente o que nos faz sentir.



Saindo de lá, na garoa, aproveitei que estava na Paulista e fui no cinema e assisti Amor sem escalas.

O filme conta a história de Ryan Bingham, interpretado por George Clooney. Bingham tem como função demitir pessoas de empresas de várias partes do país, por isso está sempre viajando e passa a maior parte de sua vida em aeroportos. Sua descrença em relacionamentos faz com que ele adore seu trabalho, sem remorsos por demitir pessoas e que se sinta em casa quando se depara com a comida artificial dos aeroportos e está rodeado por estranhos.

Clooney encontrou no papel o que sabe fazer melhor, ser bem charmoso e engraçadinho e, além disso foi uma escolha perfeita, já que na vida real ele foge do casamento como seu personagem.

Amor sem escalas explora os valores dos relacionamentos e mostra o objetivo, ou se há objetivo, em carregar tanta ''bagagem'' por consequência do envolvimento com pessoas. Ryan é o retrato do homem contemporâneo que tem que optar por carregar essa bagagem ou andar sem esse peso nos ombros para crescer em sua carreira, mesmo que uma mochila vazia também signifique a solidão.

O diretor Jason Reitman, o mesmo de Juno, mistura novamente o humor com um tema que tem um conceito considerado correto pela sociedade, levantando questões para se pensar se realmente o que todos pensam que é certo e o que deve ser feito, ou se é melhor ir contra regras e perceber que somos consequência de nossas escolhas. Em Juno, o aborto foi a melhor escolha e em Amor sem escalas, a solidão. Em ambos os filmes encontramos situações inusitadas em assuntos delicados e um pouco de compaixão dos protagonistas, que nos fazem compreender seus pontos de vista, assim, apesar de parecerem ir contra o que se espera que fossem, começam a nos fazer perceber a importância das escolhas que fazemos e, se optar pelo que é normal não é apenas uma fuga para não enfrentarmos outros problemas maiores.




sábado, 23 de janeiro de 2010

Pequena Miss Sunshine

-Às vezes tenho vontade de dormir até fazer 18 anos e pular toda essa merda, ensino médio e tudo o mais.
- Conhece Marcel Proust?
- O cara das suas aulas?
- É. Escritor francês. Um completo perdedor. Nunca teve um emprego de verdade, seus amores não eram correspondidos, era gay. Passou 20 anos escrevendo um livro que quase ninguém lê, mas deve ser o melhor escritor desde Shakespeare. Enfim, ele, no final de sua vida, olhou para trás e percebeu que os anos mais sofridos foram os melhores da vida dele, pois o tornaram quem ele era. Os anos felizes? Um total desperdício. Não aprendeu nada. Então, se dormir até os 18 anos, pense no sofrimento que vai perder! Digo, o ensino médio? São os anos de sofrimento mais nobres. Não há melhor sofrimento que este.



Dwayne e Frank

terça-feira, 12 de janeiro de 2010

É tudo vaidade?

Hoje acordei com uma vontade imensa de chorar, por ter magoado alguém, por ter deixado me magoar... Palavras que foram ditas e outras que ficaram escondidas... A natureza humana não se contenta com um coração morno... sempre um passo a mais nessa estrada circular... e então....
Lembrei um poema de Antonio Nobre....



Vaidade, Tudo Vaidade!

Vaidade, meu amor, tudo vaidade!
Ouve: quando eu, um dia, for alguem,
Tuas amigas ter-te-ão amizade,
(Se isso é amizade) mais do que, hoje, têm.
Vaidade é o luxo, a gloria, a caridade,
Tudo vaidade! E, se pensares bem,
Verás, perdoa-me esta crueldade,
Que é uma vaidade o amor de tua mãe...
Vaidade! Um dia, foi-se-me a Fortuna
E eu vi-me só no mar com minha escuna,
E ninguem me valeu na tempestade!
Hoje, já voltam com seu ar composto,
Mas eu, ve lá! eu volto-lhes o rosto...
E isto em mim não será uma vaidade?
António Nobre, in 'Só'

sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

Primeira sessão do ano...

Fui assistir Avatar anteontem. Sim, primeiro filme do ano... Não que eu tenha escolhido de livre e espontânea vontade... James Cameron não é dos meus preferidos.... mas, sabe como é, férias, filho pequeno, uma irmã q adora figuras míticas em realidades fantásticas (tb gosto, mas não nesse naipe futurista).... enfim, fui levada pelas circunstâncias... rs
Bem, sejamos justos, Cameron sabe causar impacto, é um ótimo entretainer, ainda mais em 3D. Se bem que eu fico meio zonza com aqueles óculos e a legenda fica meio difícil de ler (assisti o filme dublado, mas em certas partes eles falavam a língua nativa e era preciso as legendas). Mas também é verdade que ele perde no roteiro. Pode-se até reconhecer algo de Rousseau e seu "bom selvagem", mas a história é maniqueísta demais, redondo demais... Enfim, ótimo show de efeitos.


Estou lendo um livro interessantíssimo que a Lucy me emprestou: O que Sócrates diria a Woody Allen, de Juan Antonio Rivera. Como ele mesmo define: "uma introdução à filosofia para os amantes do cinema e uma introdução ao cinema para os amantes da filosofia (filofilósofos)." Com uma linguagem fluida, como se fosse mesmo um bate-papo, Rivera nos introduz algumas questões filosóficas das mais interessantes através de obras clássicas, como Cidadão Kane e Casablanca, e outras nem tanto, como Um Homem de Família. O autor já lançou a continuação Carta aberta de Woody Allen para Platão que também deve ser imperdível!

quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

Esperando na janela...

Estréia sexta-feira (08/01) o Sherlock Holmes de Guy Ritchie! O filme promete: o lendário herói de Conan Doyle vivido pelo genial Robert Downey Jr, na visão explosiva de Ritchie, tudo isso acompanhado pelo charme de Jude Law? Uau, nada elementar, caro Watson!

A Felicidade não se Compra (Todo mundo adora finais felizes...)

Época de festas, de reflexões nostálgicas, de renovar esperanças... Fazer um balanço do ano e ver o que se pode melhorar... Assim caminha a humanidade...
A nostalgia também me trouxe a vontade de ver (ou rever) um filme de um cineasta especialista em trazer a tona esses sentimentos, para muitas pessoas confinados à época natalina (às vezes nem isso...): a fé no ser humano, a solidariedade, o sacrifício em prol do outro.
Em A Felicidade não se Compra (It's a Wonderful Life, 1946), Frank Capra mostra que todos temos grandes planos para a vida quando jovens, mas que, na verdade, não precisamos de grandes feitos como construir pontes ou prédios de 100 andares, ou ser milionário ("I wish I have a million... Hot dog!!!) para sermos notáveis. No fim das contas, poder e dinheiro são apenas ilusão e o que realmente importa é como agimos em relação ao outro, pequenos sacrifícios que, sem nos darmos conta, podem mudar uma vida.
E quem se encarrega de prestar contas a um já desesperançado James Stewart é um simpático anjo sem asas que, para cumprir sua missão faz do suicida o salvador. E é da ponte de onde se jogaria e acabou se jogando mas não para a morte e sim para "salvar" o anjo (aliás, a água sempre aparece como o elemento de transmutação no filme), que Clarence, o anjo, transporta nosso herói para um mundo fictício onde ele não existiria, assim como o coelho relojoeiro conduz Alice pelo seu subconsciente maravilhoso.
E o encantador George Bailey de James Stewart se vê confrontado com uma realidade estranha e sombria, onde sua ausência ecoa por toda parte.
Só então ele percebe o quanto era rico, o quanto era feliz simplesmente fazendo a felicidade de quem estava a seu redor. E essa é sua epifania. Grandes realizações não se medem pelo acúmulo de status ou dinheiro. Estes podem até vir como consequência. Mas o que conta são as marcas que deixamos impressas nos que cruzam nosso caminho. Respeito e dignidade é o que queremos colher, afinal, "ninguém que tem amigos é um fracassado."
Pelas palavras do filósofo inglês John Stuart Mill: "Só são felizes aqueles que têm a mente fixada em algum objeto que não seja a sua própria felicidade: a felicidade de outras pessoas, a melhoria da humanidade ou, inclusive, alguma arte ou projeto que não se persiga como um meio, mas como uma meta em si ideal. Assim, fixando-se em outra coisa, encontra-se incidentalmente a felicidade (...) Pergunte a si mesmo se você é feliz e deixará de sê-lo."
George Bailey parece estranho, talvez ingênuo demais nos dias de hoje, com tantos escândalos de corrupção na política, com tanta esperteza em sempre levar vantagem... Bem lembrado, é ano de eleição... Não espero nenhum final capriano, mas que cada um faça a sua parte....

quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

Manhattan

''Uma idéia para uma pequena história sobre as pessoas em Manhattan, que estão constantemente criando problemas neuróticos desnecessários, pois isso evita que enfrentem problemas indecifráveis e terríveis sobre o universo. Bem, tem que ser otimista. Por que vale a pena viver? Esta é uma pergunta ótima. Bem, há certas coisas que fazem valer a pena. Como o quê? Para mim...Eu diria que, Groucho Marx, por exemplo...e Willie Mays...e o segundo movimento da sinfonia de Júpiter e a gravação de Potatohead blues de Louis Armstrong...filmes suecos, naturalmente. Educação Sentimental de Flaubert. Marlon Brando. Frank Sinatra. Aquelas incríveis maçãs e peras de Cèzanne. Os siris de Sam Wo's. O rosto de Tracy.''

Isaac Davis (Woody Allen)


Trecho do filme: http://www.youtube.com/watch?v=h5owXCZ0CDg