quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

A Felicidade não se Compra (Todo mundo adora finais felizes...)

Época de festas, de reflexões nostálgicas, de renovar esperanças... Fazer um balanço do ano e ver o que se pode melhorar... Assim caminha a humanidade...
A nostalgia também me trouxe a vontade de ver (ou rever) um filme de um cineasta especialista em trazer a tona esses sentimentos, para muitas pessoas confinados à época natalina (às vezes nem isso...): a fé no ser humano, a solidariedade, o sacrifício em prol do outro.
Em A Felicidade não se Compra (It's a Wonderful Life, 1946), Frank Capra mostra que todos temos grandes planos para a vida quando jovens, mas que, na verdade, não precisamos de grandes feitos como construir pontes ou prédios de 100 andares, ou ser milionário ("I wish I have a million... Hot dog!!!) para sermos notáveis. No fim das contas, poder e dinheiro são apenas ilusão e o que realmente importa é como agimos em relação ao outro, pequenos sacrifícios que, sem nos darmos conta, podem mudar uma vida.
E quem se encarrega de prestar contas a um já desesperançado James Stewart é um simpático anjo sem asas que, para cumprir sua missão faz do suicida o salvador. E é da ponte de onde se jogaria e acabou se jogando mas não para a morte e sim para "salvar" o anjo (aliás, a água sempre aparece como o elemento de transmutação no filme), que Clarence, o anjo, transporta nosso herói para um mundo fictício onde ele não existiria, assim como o coelho relojoeiro conduz Alice pelo seu subconsciente maravilhoso.
E o encantador George Bailey de James Stewart se vê confrontado com uma realidade estranha e sombria, onde sua ausência ecoa por toda parte.
Só então ele percebe o quanto era rico, o quanto era feliz simplesmente fazendo a felicidade de quem estava a seu redor. E essa é sua epifania. Grandes realizações não se medem pelo acúmulo de status ou dinheiro. Estes podem até vir como consequência. Mas o que conta são as marcas que deixamos impressas nos que cruzam nosso caminho. Respeito e dignidade é o que queremos colher, afinal, "ninguém que tem amigos é um fracassado."
Pelas palavras do filósofo inglês John Stuart Mill: "Só são felizes aqueles que têm a mente fixada em algum objeto que não seja a sua própria felicidade: a felicidade de outras pessoas, a melhoria da humanidade ou, inclusive, alguma arte ou projeto que não se persiga como um meio, mas como uma meta em si ideal. Assim, fixando-se em outra coisa, encontra-se incidentalmente a felicidade (...) Pergunte a si mesmo se você é feliz e deixará de sê-lo."
George Bailey parece estranho, talvez ingênuo demais nos dias de hoje, com tantos escândalos de corrupção na política, com tanta esperteza em sempre levar vantagem... Bem lembrado, é ano de eleição... Não espero nenhum final capriano, mas que cada um faça a sua parte....

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